A Qualidade da água que bebemos

Publicado por Pedro Mesquita em
A Qualidade da água que bebemos
Em grande parte dos países da União Europeia a qualidade da água é boa, graças aos tratamentos químicos e físicos executados pelas empresas que nos fornecem a água que nos chega a nossas casas, ao comércio, indústria e serviços.

No entanto, no trajeto que a água faz desde as centrais de tratamento, até ao ponto onde esta é consumida, como por exemplo nas torneiras da nossa casa, esta pode ser facilmente contaminada, como vamos ver de seguida.

Contaminação Industrial:

Os produtos químicos derramados no solo podem facilmente infiltrar-se e entrar nas condutas de abastecimento de água. Isso acontece por exemplo em locais onde estejam depositados resíduos industriais e sucata, e em aterros municipais. Estas contaminações podem ainda ocorrer em consequência da existência de fugas em tanques de armazenamento subterrâneo de combustível, ou de outros agentes químicos, e também derivado ao uso de pesticidas na agricultura.

Contaminação Animal:

Agentes patogénicos, vírus e bactérias causadoras de doenças no ser humano estão presentes nos dejetos dos animais. Estes infiltram-se no solo e entram nas condutas e nas captações de água, tornando esta água muito perigosa para o consumo humano, se não devidamente filtrada e tratada.

Sistema de distribuição de água:

A qualidade da água potável é também afetada pelas impurezas libertadas pelas próprias redes de distribuição de água, onde estão frequentemente presentes condutas em cimento-amianto e tubagem constituída por ligas de chumbo, que libertam substâncias perigosas para a água de consumo.

Contaminações nos edifícios:

A água pode ser contaminada nos próprios edifícios, já que, aqueles mais antigos, possuem canalização de chumbo ou com soldaduras de chumbo a unir tubos de cobre. Ambas as situações permitem que o chumbo passe para a água potável.

Quais são as consequências das situações das contaminações descritas?

Consequências estéticas e de sabor:

A coloração da água, gostos e odores indesejados variam conforme a torneira e são influenciados pelas preferências pessoais. Por exemplo, um leve gosto de cloro pode ser preferido por alguns, enquanto outros não considerariam beber uma água com este sabor.

Sabor e odor a cloro:

Esta é de longe a queixa mais comum.

O cloro é comum ente usado por municípios para desinfetar o abastecimento de água, causando muitas vezes um gosto e cheiro intenso e desagradável.

Sedimento fino / água de alta turbidez:

As partículas suspensas na água fazem a água parecer turva. Essas partículas têm dimensões variáveis, sendo algumas até invisíveis, podendo, todavia, tornar a água turva, acumular-se e eventualmente obstruir aparelhos que usam água, como os usados no fabrico de gelo, máquinas de café, etc., fazendo com que estes se avariem

Consequências na saúde:

A presença de alguns contaminantes na água pode causar efeitos adversos à saúde, como vamos ver em baixo:

  • O Chumbo é um metal pesado tóxico e fortemente regulado. O envenenamento por chumbo pode causar perturbações neurológicas e deficiências nos recém-nascidos.
  • Os Cistos, como a Giardia, a Entameoba e o Cryptosporidium são exemplos demicrorganismos que causam cólicas, vômitos e diarreia. O cloro não mata esses organismos de maneira confiável, pois eles estão envoltos numa espécie de capa protetora, sendo que alguns podem causar doenças infeciosas, como a febre tifoide ou a hepatite.
  • A Atrazina foi banidada UE em 2004, mas ainda é um dos herbicidas mais usados ​​na agricultura dos EUA e Austrália. Estudos sugerem que pode alterar o sistema hormonal.
  • O Lindano é um elemento químico usado como pesticida e inseticida agrícola. Pode afetar o sistema nervoso, fígado e rins e, pensa-se ser cancerígeno.
  • Os COV (compostos orgânicos voláteis), que incluem componentes da gasolina, gasóleo, lubrificantes, solventes e produtos de limpeza industriais, podem causar doenças, incluindo o cancro do fígado e a leucemia.

 

É então possível bebermos uma água com qualidade em nossa casa?

Sim, é possível retirarmos os contaminantes que atrás identificámos, através da utilização de filtros com diferentes matérias filtrantes, ou seja, utilizando filtros em série que removem contaminantes diferentes, complementando-se uns aos outros.

As matérias filtrantes que normalmente se utilizam para este fim são:

Carbon Block: Trata-se de uma matéria filtrante baseada em carvão ativado compactado. O carvão ativado resulta de uma queima muito controlada da casca do coco e outras madeiras a alta temperatura e com pouco oxigénio. Este carvão ativado é depois sujeito a uma compactação, dando então origem a blocos porosos e uniformes (carbon block) capazes de fazerem a retenção de impurezas e também a adsorção de agentes químicos. Esta matéria filtrante consegue por isso, em simultâneo, uma filtragem mecânica e química, retirando da água químicos como o cloro, os cistos, como são exemplo a Giardia, a Entameoba e o Cryptosporidium, e ainda os compostos orgânicos voláteis, como solventes, gasolina e produtos de limpeza industrial.

Diamond Flow: Esta tecnologia combina as duas anteriormente descritas, proporcionando que num só filtro se juntem vários materiais filtrantes. Todavia, a eficácia não é a mesma que colocar filtros de diferentes tecnologias em série.

MeltblownOs filtros Meltblown são produzidos com base em microfibras e núcleo, tudo em polipropileno de alta pureza (100%). Estes filtros proporcionam uma forte resistência química e à temperatura e são excelentes na remoção de sedimentos e matéria em suspensão.

 

Resumindo,  com a tecnologia hoje disponível, as centrais de tratamento de água conseguem entregar na rede água de boa qualidade. Todavia, as redes de distribuição de água, em função da sua distância aos pontos de entrega e ao tipo de terrenos que atravessam, podem levar a que a água chegue contaminada aos pontos de entrega. Hoje, no entanto, existem sistemas de filtros simples e económicos que nos permitem, em nossas casas ou nos nossos negócios, tratar a água, de forma a melhorar o seu sabor, o seu aspeto e as suas características físico-químicas.

Qualquer dúvida sobre este tema, não hesite colocar uma questão neste blogue ou através de suporte@grupo-cimai.com .


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3 comentários

A Equipe da CIMAI em

@ Luís de Caravlho: Estimado Sr. Luís Carvalhjo, a sua questão é pertinente e há realmente evidencias cientificas da toxidade do chumbo em canos de água potável e noutras aplicações. Para seu maior esclarecimento aconselhamos a leitura deste artigo da OMS: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/336918/WHO-HSE-PHE-AMR-08.01.04-por.pdf?sequence=5&isAllowed=y.

Luís De Carvalho em

Possível que aquele que ao longo da sua vida bebeu água em canos de chumbo possa vir a contrair doença neurológica grave em comparação com pessoas que tiveram a sorte de viver em locais cujo abastecimento de água fosse diferente.

Luisa Mesquita em

Pretendo adquirir um sistema de filtragem para uso doméstico, gostaria de esclarecimentos mais detalhados para avaliar qual o melhor sistema para o meu caso. Obrigada


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